Por Marcia Costa*
Desde os primórdios, com a arte rupestre nas cavernas, a pintura e os movimentos artísticos, o homem vem registrando tudo o que vê. Com a fotografia não foi diferente.
A máquina fotográfica nada mais é do que o aperfeiçoamento da câmera escura, utilizada por Aristóteles (que a usava para observar eclipses), e aperfeiçoada por Da Vinci em seus esboços de pintura. Essa câmera era uma caixa fechada, apenas com um orifício em uma das extremidades, e que projetava a imagem invertida em sua parede oposta. Quando apontada para um objeto, pessoa ou paisagem, a imagem era projetada de cabeça para baixo e servia de molde para o pintor. Este podia fazer o esboço do que desejava pintar. Assim funciona a câmera fotográfica, também.
Partindo desse ponto, muitos foram os que tentaram fixar esta imagem em alguma superfície diretamente, sem que houvesse a necessidade de fazer o desenho para esboço e posteriormente o quadro.
Um dos primeiros a conseguir este feito foi o francês Joseph Nicéphore Niépce. Em 1826, retratou a vista da janela de seu ateliê, essa imagem levou oito horas para ser fixada em uma placa de estanho coberta de betume da judéia. Paralelamente a ele, outros homens no mundo tentavam reproduzir as mesmas experiências, como outro francês, Louis Jacques Mandé Daguerre.
No Brasil, um francês radicado em Campinas, Hércules Florence, desenvolveu negativos e foi o primeiro a utilizar o termo “photographie”, em 1833. Porém, esta descoberta só veio a público em 1976, através do historiador Boris Kossoy, que apresentou as anotações e os experimentos de Florence ao Instituto de Tecnologia de Rochester, nos Estados Unidos, que aceita e confirma os resultados de Hercules. Assim, o Brasil entra para a lista dos descobridores da fotografia, também
Na França, Daguerre e Niépce começaram a trocar correspondências e informações sobre a fixação de imagens em placa de cobre sensibilizada com produtos químicos.
Com muitos outros fazendo pesquisa sobre este tipo de processamento e a morte de Niépce, Daguerre expõe a pesquisa na Academia de Ciências e Belas Artes Francesa e vende ao governo a invenção da fotografia em troca de uma pensão vitalícia, em 19 de agosto de 1839, na França.
Dessa forma surgiu o Daguerreótipo, nome dado ao equipamento e ao estojo onde era colocada a placa com a imagem gravada, após ser retirada da câmera. Placa esta, de cobre, sensibilizada com prata e fixada com vapor de mercúrio, que fora colocada na câmera (daguerreotipo), que levava cerca de 20 minutos para fixar a imagem.
A fotografia tornou-se à sensação do momento. O problema é que a imagem era única, não havia a possibilidade de cópias. Para realizá-las, era necessário, no caso dos retratos, que a pessoa ficasse sentada ou em pé, imóvel, quantas vezes fosse o número de imagens desejadas, por um período em torno de 20 minutos para cada foto. Mas este processo não durou muito – logo a possibilidade de cópias surgiu, já que as pesquisas não pararam.
Fox Talbot, na Inglaterra, inventa o Calótipo em 1841. Tratava-se de uma base de papel emulsionada com sais de prata que registrava uma matriz em negativo a partir da qual era possível fazer cópias positivas. Em 1851, Frederick Scott Archer demonstrou na Grã-Bretanha o Colódio Úmido, o negativo de vidro, processo 20 vezes mais rápido que os anteriores, em que os negativos apresentavam uma riqueza de detalhes semelhantes à do daguerreótipo, com a vantagem de permitir a produção de várias cópias. Passou-se então da cópia única na chapa de metal ao negativo de vidro, tornando possível a reprodução de cópias.
Mas a fotografia despontou mesmo no mundo com a Kodak. Em 1888, com o slogan: “Aperte o botão que nós fazemos o resto!”, a empresa lançou uma câmera portátil de filme, capaz de produzir 100 imagens e de manuseio bem simples.
Bastava comprar a câmera ( em torno de US$ 25), com filme para 100 imagens nas lojas de George Eastman. Depois dos cliques, era só levar a máquina de volta à loja. O filme era revelado, a câmera devolvida com mais um filme com 100 fotos por uns US$ 10 e pronta para os novos cliques. Foi o “boom” da fotografia no mundo.
De lá pra cá, quanta evolução! Hoje não se usa mais o Daguerreótipo. Filmes e negativos tem um uso mais restrito. O que temos é um sensor, que por meio de pulsos elétricos, formam a imagem e a armazenam num chip (cartão de memória), que dependendo da capacidade de armazenamento pode guardar mais de 2000 fotos. Estas fotografias ainda podem rodar o mundo em minutos através da Internet.
A revolução digital veio aumentar e muito, a popularidade da fotografia. Fazendo crescer, também, o número de fotos produzidas individualmente, já que o filme ficava limitado ao número de chapas por rolo. Antes, aumentar o número de fotos acarretaria em custos mais altos com filmes e revelação, estes custos foram diminuídos com a tecnologia digital. As fotos podem ser armazenadas em arquivos virtuais, físicos ou no computador, sem precisar que haja custo com revelação e ampliação.
A fotografia evoluiu e muito, desde sua invenção. A cada dia uma nova câmera, com novos recursos, surge no mercado. Atualmente a fotografia digital tem qualidade tão boa quanto a película (filme) e deve continuar evoluindo e, muitas novidades devem ocorrer no meio digital.
O mais interessante disso tudo é que a fotografia atualmente tornou-se popular, hoje todo mundo tem uma câmera, principalmente a do celular. Onde quer que você esteja, há alguém fazendo um registro fotográfico do momento. São muitas selfies, retratos e visualizações no mundo.
*Diretora e professora no Grande Angular. Marcia Costa é Especialista em Artes Visuais, Formada pela UNESA/RJ, onde também formou-se em Fotografia e atua na área há mais de 15 anos. Trabalha como Repórter Fotográfica na Secretaria de Estado de Educação e Ministra as disciplinas de Introdução a Fotografia, Fotojornalismo, Photoshop e Fotodocumentário na Faculdade Pinheiro Guimarães/RJ
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