Por: Claudia D’Elia
Quase todo mundo não gosta de tirar fotos 3×4. Só ouvir esse nome já causa arrepios. Às vezes bate até uma vergonha quando mostramos a carteira de identidade ou a de motorista, e estamos com aquela cara séria, quase emburrada, um olhar esquisito, uma boca rígida, um cabelo estranho.
Você já parou para pensar por que, na maioria das vezes, isso acontece nas fotos 3×4 e não nas “fotos normais”?
Quando precisamos de uma foto para um documento, nos dirigimos a uma loja, muitas vezes com pressa, suados, e somos colocados em um banquinho, com um painel branco atrás. Às vezes é oferecido um espelhinho, daqueles de camelô mesmo, de moldura laranja, para ajeitarmos o cabelo. Às vezes nem isso.
Vem então o funcionário da loja, muitas vezes o balconista mesmo, e, sem qualquer comprometimento, ele nos posiciona (às vezes mal, o que acaba deixando a cabeça torta), faz aquele click frio e rápido, e vai embora. Esperamos a impressão e constatamos que mais uma vez saímos mal na foto.
Isso acontece porque, nesse contexto, não há qualquer interação entre o fotógrafo e o fotografado. Muitas vezes a pessoa nem é fotógrafa de fato. Por isso nas “fotos normais” parecemos mais bonitos, porque, geralmente, pessoas conhecidas nos fotografam, nos deixando à vontade, sem a pressão da cara séria do 3×4 para o documento.
Assim, se você vai fazer uma sessão de fotos e ainda não conhece bem a pessoa, é importante que você crie essa “relação intimista”, mesmo que ela não exista, deixando a pessoa à vontade, para que ela não saia com “cara de 3×4” nas fotos.
Veja algumas dicas:
– Procure deixar o fotografado bem à vontade. Quebre o gelo, brinque com a pessoa, faça piadas, mas sem exagerar e sem ser desagradável.
– Mostre no visor uma foto que você achou que ficou muito boa, para que a pessoa se sinta bem e se ache bonita. Envolva a pessoa no ensaio!
– Ajude a pessoa, dando os comandos de como ela deve se posicionar e, se necessário, vá até ela e ajeite suas mãos, por exemplo, de forma que não cubram seu rosto. Nesse caso só não exagere muito ao tocar nas pessoas, pois muitas não gostam, principalmente se não te conhecerem bem.
– Procure pegar as reações espontâneas da pessoa, mais ainda se as fotos forem de casal ou de família. Geralmente esses momentos rendem boas imagens e ótimas recordações.
– Elogie bastante, diga que ela fotografa bem, mas que se relaxar pode ficar ainda melhor. Lembre-se que, quando a pessoa está tensa, muito tímida, isso reflete na fotografia. É sua obrigação como fotógrafo ajudá-la a se sentir melhor, pois muitas pessoas que não são modelos costumam ficar tensas com uma máquina profissional apontada pra elas.
Claudia D’Elia é fotógrafa autoral e “amadora”, no mais amplo sentido da palavra. Conheça seu trabalho em https://www.facebook.com/claudiadeliafotografia
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