Compreendendo o Fotojornalismo
Por Gabriele Pereira
Para entender o que é fotojornalismo é preciso saber se a imagem que está sendo exposta é dotada de informação clara e objetiva. A primeira fotografia com valor jornalístico foi publicada no jornal americano Daily, em 1880. Embora, o nome “fotojornalismo” tenha surgido no início do século XX com as famosas revistas ilustradas, unindo a imagem ao texto.
A imagem é um fator muito importante para a compreensão da notícia, ela causa impacto, clareza, credibilidade e até mesmo vivência. Porém é essencial está ligada à linguagem verbal, pois é ela quem vai direcionar o significado da informação.
É imprescindível que o repórter fotográfico esteja atento, pois cada acontecimento é uma história que sem o olhar do fotojornalista se perderia. Fotos marcantes tiveram seus momentos congelados e eternizados como: o beijo entre o marinheiro e a enfermeira na Times Square, Nova York, para celebrar o final da Segunda Guerra Mundial; o atentado as Torres Gêmeas do World Trade Center; a imagem icônica da menina correndo nua, após ser ferida por explosivo na Guerra do Vietnã, entre vários outros.
Grandes fotojornalistas fizeram parte dessa história como Henri Cartier-Bresson, um dos pais da fotografia jornalística; inclusive foi o responsável por registrar os últimos dias de Gandhi e o primeiro fotógrafo europeu a trabalhar livremente pela União Soviética. Bresson fundou, juntamente, com Robert Capa uma das maiores agências de fotografia do mundo, a Magnum Photos.
No Brasil não podemos deixar de citar dois grandes nomes da fotografia brasileira: Evandro Teixeira e Sebastião Salgado.
Conhecido como o operário da fotografia, foi através da lente que Evandro Teixeira encontrou um jeito de protestar contra a Ditadura Militar. A carreira de Evandro passa pelo registro histórico da Guerra de Canudos; a morte do escritor Pablo Neruda; A Passeata dos Cem Mil, em 1968; coberturas de Jogos Olímpicos e Copas do Mundo.
Já as fotografias em preto e branco de Sebastião Salgado retrata a clareza de cada situação ilustrada. Dedicou seu trabalho a vida de pessoas excluídas e mergulhou em projetos de longo prazo. Em 2015, o documentário “O Sal da Terra” dirigido por Juliano Salgado e Wim Wenders mostrou a relação de Sebastião com a fotografia e acabou sendo indicado ao Oscar.
O fotojornalismo tem a função de relatar os fatos através da imagem e com ela, enxergar a notícia com mais realismo e emoção. Grande parte do sucesso dessa profissão se vale a sensibilidade do olhar e a experiência de cada repórter fotográfico.
Com isso, a equipe do Grande Angular entrevistou a fotojornalista Bruna Prado, que já cobriu a Rio+20, Manifestações de junho de 2013, Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Bruna é professora de fotografia e fundadora da produtora de imagens fotográficas Estúdio Prado. Foi indicada ao Prêmio Mulher Imprensa na categoria fotojornalismo em 2015 e, falou um pouco sobre a sua experiência como fotojornalista.
GA – Como a fotografia entrou na sua vida?
Bruna Prado: Eu era publicitária e trabalhava como diretora de artes. Nessa função fui contratada por um grande laboratório de fotografia para fazer a transição do sistema de película fotográfica para digital. Naquela época não existia mão de obra qualificada aqui no Brasil preparado para trabalhar com laboratório de imagem fotográfico digital, e mais próximo a isso estávamos nós da área de design e publicidade. Já sabíamos utilizar os softwares de edição e afins. Desde esse primeiro contato mais aprofundado eu nunca mais consegui me afastar da fotografia e anos depois migrei de profissão.
GA – Como foi a sua entrada para o Fotojornalismo? E qual é a importância dessa profissão?
Bruna Prado: Iniciei no fotojornalismo como freelancer de agências de notícias. Minha produção era muito voltada para manifestações culturais, questões sociais e documentarismo. Com o tempo comecei a freelar em jornais e surgiu a oportunidade de trabalhar contratada em uma redação por cinco anos. Hoje sou fotojornalista independente e pessoa jurídica, prestando serviços para jornais nacionais e agência de noticias internacionais.
A imagem fotográfica possui uma linguagem universal que se faz compreendida nos quatro cantos do mundo. Uma pessoa pode não saber ler um determinado idioma, mas sabe compreender a comunicação visual feita através da fotografia. Essa capacidade de comunicação que uma imagem possui é fundamental para expor um fato ou contar uma história, e com isso, levar a sociedade para o campo da reflexão e muitas vezes de mudança.
GA – Qual foi a sua experiência mais marcante como fotojornalista?
Bruna Prado: Durante a cobertura do fechamento do aterro sanitário de Jardim Gramacho, no contra ponto das demais coberturas da mídia, fizemos um especial sobre como estava à situação dos catadores diante da eminência do desemprego. Fomos os primeiros a abordar essa questão que inclusive denunciou problemas no cadastro feito para a indenização daqueles trabalhadores. Dias depois o fechamento de Jardim Gramacho foi cancelado até que todos os catadores estivessem devidamente cadastrados para receber as suas indenizações. Entender que o jornalismo tem função de serviço para a sociedade foi a minha grande lição. É isso que me move dentro da profissão.
GA – Que tipo de equipamento você mais costuma usar? E por quê?
Bruna Prado: Prefiro trabalhar com lentes fixas com grandes aberturas (luminosas) em função do efeito estético das mesmas. Além disso, elas me obrigam a buscar o meu enquadramento e me tiram do lugar comum, me fazem pensar e agir em função da fotografia que quero fazer.
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