A história da fotografia brasileira é muito rica. Em nosso país, assim como na França, desde 1830 já havia pesquisa para tentar a fixação da imagem em superfícies fotossensíveis com produtos químicos. É o caso de Hercules Florence, um francês radicado no Brasil que fazia experiências pioneiras na Vila São Carlos (hoje Campinas), com o processo fotográfico.
Hercules Florence |
Em suas pesquisas, Florence criou uma técnica de impressão que denominou de Poligrafia, processo semelhante ao mimeógrafo. Paralelamente, estudava o efeito da luz na pintura e projetava a construção de uma câmara escura, com a qual conseguiu fixar algumas imagens. Devido a dificuldade de obter materiais e equipamentos, no orifício de abertura, a sua câmara escura tinha a lente de seus óculos, e no interior colocou acoplados um espelho e um pedaço de papel com solução de nitrato de prata.
Com esta câmara escura, Florence conseguiu registrar a vista de uma janela, com o telhado da casa vizinha e parte do céu. Registrou também, a imagem da Cadeia de Campinas. Estas imagens foram conservadas por 15 anos com nitidez, porém estas cópias nunca foram localizadas.
Em suas constantes experiências, o francês usou sua própria urina e amônia para o processamento de imagens, para dissolução do cloreto de prata não atingido pela luz. Estas pesquisas o fizeram abandonar a câmara escura e experimentar a impressão direta pela ação da luz solar.
Em 1833, Hercules Florence chega aos resultados mais expressivos em suas experiências, marcando esse ano como o da descoberta da fotografia no Brasil.
Florence fez descobertas importantes, cinco anos antes (1833) do inglês John Herschel, sugeriu o uso do termo Photographie e o verbo Photographier, no decurso das pesquisas.
Rótulos de Farmácia |
Não satisfeito com a qualidade das cópias e o anúncio da descoberta de Daguerre, na França, Florence interrompeu seus experimentos, deixando registrado em seus manuscritos a seguinte observação: “A bela descoberta de Daguerre não me surpreendeu: eu a tinha previsto aqui neste deserto oito anos antes.”1
Hercules Florence só viria a ser reconhecido em 1976, quando o historiador e fotógrafo, Boris Kossoy apresentou ao Instituto de Tecnologia de Rochester (EUA) anotações com especificações técnicas relativas aos seus experimentos, como rótulos de farmácia, um diploma maçônico feitos em papel fotossensível. A partir de testes realizados, ficou definitivamente comprovado o pioneirismo de Hercules Florence, no Brasil, como o inventor da fotografia.
Diploma Maçonico |
Por outro lado, um nobre brasileiro que ouviu falar sobre a descoberta européia trouxe para o nosso país este invento, incentivando a prática e a difusão fotográfica no Brasil. Dom Pedro II foi um apaixonado pela fotografia, desde que viu os primeiros daguerreótipos. Adquiriu seu primeiro equipamento em 1840, e dois anos depois aprendeu a utilizá-lo, tornando-se o fotógrafo mais novo da América, com 14 anos.
Dom Pedro II |
O Monarca, ao longo da vida, tornou-se um defensor e o maior colecionador particular de fotografias do Brasil. Gostava de retratar pessoas e paisagens.
Seu pioneirismo inspirou historiadores como Gilberto Ferrez, que assinaram os primeiros capítulos da história da fotografia em nosso país. Desde então, o tema foi ganhando o Brasil, e surgiram muitos Fotoclubes, Escolas de Fotografia, Associações etc. Além de milhares de fotógrafos, entre profissionais e amadores, que não perdem uma boa oportunidade de realizar um belo clique.
Quer saber Mais sobre a história da fotografia em nosso país? Seguem algumas dicas de livros: Fotografia no Brasil. Um olhar das origens ao contemporâneo. De Angela Magalhães e Nadja Peregrino.
E o do Boris Kossoy. Hercules Florence – A descoberta isolada da fotografia no Brasil.
1 – Trecho do livro: Hercules Florence – A descoberta isolada da fotografia no Brasil
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